// Pequena História da Fotografia

E já que domingo foi dia mundial da fotografia, a professora Lila separou algumas informações interessantes sobre como ela foi descoberta. O texto foi originalmente escrito como uma introdução à história da fotografia para a apostila de técnica do IIF e publicado no blog dela, o www.especializando.wordpress.com. Veja na íntegra:

A fotografia foi oficialmente inventada em 1839 por um francês chamado Daguerre, mas os estudos que levaram a essa invenção remontam a muitos anos antes. A câmara-escura (proto câmera fotográfica) já foi descrita por Leonardo da Vinci no século XIV, e era muito popular entre os pintores do Renascimento, já que ela mostrava a cena organizada pela perspectiva.

Uma das cenas do filme Moça com brinco de pérolas, sobre a obra do pintor holandês Johannes Vermeer, mostra o uso e a aplicação da câmara escura entre os pintores. Servia principalmente para que eles organizassem a perspectiva de acordo com a objetiva que decidissem “pintar”.  Era a maneira mais rápida de transpor as três dimensões do mundo para as duas da tela e a partir do que viam na imagem projetada no interior da caixa acrescentavam ou eliminavam objetos da cena que seria retratada.

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A fotografia tornou-se possível quando os químicos entenderam, organizaram e demonstraram os demais procedimentos necessários para a invenção: processos de escurecimento dos sais de prata pela oxidação ao contato com a luz e de estabilização desses sais para que pudessem ser expostos novamente à luz sem que continuassem a enegrecer. E isso aconteceu pelo menos 50 anos antes de 1839.

Um fato interessante a ser ressaltado é que a invenção oficial de Daguerre é apenas um dos diversos processos fotográficos que foram descobertos na mesma década em diferentes pontos do planeta. Várias pessoas estavam pesquisando, de maneiras diferentes, com aspirações e intenções distintas, sobre o processo fotográfico. Conheça alguns dos personagens:

Daguerre e Niépce: Niépce foi quem primeiro conseguiu tirar uma fotografia. Foi no verão de 1826 da janela de sua casa. Aconteceu quando ele pesquisava uma forma automática para criar automaticamente uma matriz para litografia. Em 1829 aconteceu a associação entre ele e Daguerre para continuarem juntos as pesquisas fotográficas. Morreu pouco depois, deixando suas descobertas como “herança” para Daguerre. O pesquisa dos dois elaborava um processo que funcionava à base de Betume da Judéia, um tipo de asfalto que endurece quando exposto à luz do sol. Usando um solvente (óleo de lavanda) conseguiu sensibilizar uma chapa metálica que, quando exposta à luz, endurecia as partes mais claras. As mais escuras eram retiradas com o mesmo solvente, deixando exposto o metal.

O Daguerreótipo usava uma chapa de ouro e prata que quando exposta a vapores de iodo formava uma camada de iodeto de prata, sensível à luz. A revelação era feita com vapor de mercúrio, que aderia onde a luz havia incidido, mostrando a imagem. A fixação era feita com tiossulfato de sódio.

Fox Talbot: Sua descoberta foi movida pela frustração de não saber desenhar. Foi o responsável pela invenção do sistema negativo-positivo da fotografia. Enquanto os demais queriam produzir um “positivo direto” ele se apropriou do negativo e obtinha o positivo pelo contato do negativo já revelado, fixado e impregnado de óleo para ficar transparente, com uma nova superfície sensível e exposição do conjunto à luz. Seu processo foi lançado em 1941 e ficou conhecido como calótipo. Nele, o papel impregnado de iodeto de prata era exposto à luz na câmara escura, a imagem ainda latente revelada com ácido gálico e fixada com tiossulfato de sódio. O mesmo processo era empregado para a confecção do positivo por contato.

Hippolyte Bayard: Contemporâneo dos demais, inventou um processo fotográfico que gerava um positivo direto sobre papel semelhante ao que as polaroids usam até hoje. Sensibilizava uma folha de papel com cloreto de sódio e nitrato de prata. Quando estava quase seca expunha a vapores de iodo e depois de mercúrio. Quando o papel era exposto à luz, as áreas mais iluminadas se descoloriam gradativamente, deixando brancas as áreas mais expostas. Ficou bastante frustrado pelo não-reconhecimento de sua contribuição para a história da fotografia que simulou e fotografou seu próprio suicídio.

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Hercule Florence: Foi o responsável pela invenção da fotografia em terras tupiniquins. Habitante de Campinas (Vila de São Carlos na época), e estava interessado em criar uma espécie de impressora, uma forma mais simples de transmitir e multiplicar a informação.  Usava cloreto de ouro nitrato de prata para sensibilizar o papel e urina, que depois foi substituída por amônia, para fixação. Foi o primeiro a usar a palavra fotografia para nomear seus experimentos e também ficou bastante frustrado ao receber a notícia do invento de Daguerre.

Mas por que saber da história?

Conhecer a história do nosso objeto de estudo, a fotografia, é necessário e importante por vários motivos. O primeiro deles é não nos apegarmos a apenas um dos inúmeros aspectos dessa ferramenta. Apesar de ser um fenômeno recente – ainda não tem 200 anos – e ter um “caráter” indefinido, a fotografia é democrática, experimentou muitas coisas e se associou aos mais variados objetivos. Desde sua invenção é usada tanto como afirmação da verdade – a aderência ao que é fotografado gerou a sensação de que se foi fotografado, de fato existiu – e como criação de coisas que não aconteceram, cujo primeiro grande exemplo é a encenação do suicídio de Bayard.

Para Saber mais:

Ainda não me deparei com um livro que se proponha a contar toda a história da fotografia, mas existem alguns autores que estudam o tema. São Eles:

Anateresa Fabris, sobretudo os livros: Fotografia – Usos e funções no século XIX e Identidades Virtuais.
Boris Kossoy, sobretudo as livros: Hercules Florence e a Descoberta da Fotografia no Brasil eFotografia e História;
Maria Elisa Linhares Borges, no livro História e Fotografia;
Marie Loup sougez, no livro História da fotografia.

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