// Entrevista com Marcos Varanda: o Mercado da Fotografia Artística

Marcos Varanda é fotógrafo, colecionador, curador, empreendedor, incentivador cultural e, acima de tudo, um inquieto. Autodidata, sua trajetória passou pelo Museu de Arte Moderna – MAM-SP, Museu da Imagem e do Som – MIS-SP, Workshops nacionais com  Marcelo Greco, Gal Oppido, Pépe Mélega, Cristiano Mascaro, Armando Prado e Rosely Nakagawa e internacionais com Leo Divendal, Stephen Shore e Steve Pike e agora ultimando o trabalho de pesquisa denominado “Mario Cravo Neto- A imagem escultórica” a ser apresentado para a conclusão da pós-graduação em fotografia na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP.

Participou de diversas mostras e exposições como a 3a. Mostra SP de Fotografia com o ensaio “O consumo me consome”, a 1a. Design Weekend – DW !, com os ensaios “Trilogia Amarela” e “Quadra de Verdes”, e a exposição “Mural SP” na Galeria Espaço Ophicina com o  ensaio “SP”. Em Nov/2016, fez a sua 1ª exposição individual Internacional em Lisboa, Portugal, com o ensaio “EX-Casa”.

Marcos já atuou como curador fotográfico da Galeria Porão – SP e coordena diversos grupo de estudo sobre fotografia

Seus trabalhos já foram selecionados para o 11º Paraty em Foco 2016, Epifania Cultural e 3ª Foto Estendida-SP. Como o próprio diz: “Pretendo  sempre levar o espectador a vivenciar, ao seu modo, o que vivi ao registrar aquelas imagens, sendo assim também, de certa forma, impactado pela obra”.

Ele foi um dos palestrantes do Photo Inspiration, a primeira semana internacional de fotografia artística, que aconteceu em Janeiro/2018, em São Paulo. A sua palestra abordou o mercado da fotografia autoral.

A equipe do Photomag conversou com Marcos sobre a sua carreira e suas expectativas para  o evento.

Confira o bate-papo:

 

Photomag (Ph): Como a fotografia entrou na sua vida?

Marcos Varanda (MV): Através da influência do meu pai que sempre me incentivou a fotografar e me deu a minha primeira máquina fotográfica quanto tinha 12 ou 13 anos.

Ph: Quando você se viu trabalhando com a fotografia fine art?

MV: A fotografia fine art entrou na minha vida através dos festivais  de fotografia onde fiz primeiramente contato com printers e depois com as exigências técnicas que adotei para a Galeria Porão.

Ph: Qual a maior dificuldade presente na fotografia artística?

MV:  A fotografia artística, que prefiro chamar de autoral, tem como principal  dificuldade o seu posicionamento como arte, ou seja,  o alçamento do fotógrafo à condição de artista.

Ph: O que diferencia fotografia fine art da fotografia artística?

MV: A fotografia fine art está relacionada aos processos de impressão ( papel de algodão e pigmentos minerais)e montagem ( padrão museológico ) , enquanto a fotografia artística, que prefiro chamar de fotografia autoral, refere-se ao processo criativo/poética.

Ph: Você acredita que há uma espécie de distanciamento desse tipo de fotografia para o público em geral? Ela ainda é vista como algo muito  específico e elitizado como a arte de maneira geral?

MV: Muito pelo contrário, o grande problema na valorização da fotografia  deve ao fato de que qualquer pessoa  “acha” que conseguiria fazer uma imagem igual, ou seja, a fotografia, em sua maioria, ainda é muito contestada como arte.  Por outro lado, vejo com bons olhos a popularização da fotografia, via celular e mídias sociais. Entendo que quanto mais imagens disponíveis, mais as “boas” imagens se destacarão e mais as pessoas notarão que não é tão fácil assim fazer uma “boa” imagem.

Ph: Seguindo o raciocínio da pergunta anterior. Qual seria o principal público para essa obra atualmente?

MV: Esta resposta não é tão simples assim, uma vez que o mercado é segmentado:

Primeiro, temos o público em geral que consomem  imagens de fácil consumo – imagens do cotidiano e viagens, sendo destinadas às mídias sociais e/ou decoração.

E temos os colecionadores que querem imagens com assinatura “grife” adquiridas como investimento (reserva de valor) e imagens de artistas em ascensão adquiridas como aposta para uma rentabilidade futura.

Ph: Qual o principal objetivo das suas obras?

MV: O principal objetivo do fotógrafo autoral/ artista é a discussão de questões  que lhe movem, e comigo não é diferente. O Ensaio “O consumo me consome” e no Ensaio “Pelamordideus” falam do consumo exacerbado da sociedade atual,  o Ensaio “Mulheres Reais” questiona a ditadura da beleza, já o Ensaio “EX-Casa” trata do processo de separação de uma casal, sempre assuntos Íntimos mas com um amplo reflexo social.

Ph: Qual o maior contraste entre a fine art lá de fora com a do Brasil?

MV: Se falarmos de fine art como metodologia de impressão e moldagem, o Brasil já atingiu padrões de excelência  mundiais, mas ainda a custos proibitivos ( por conta dos insumos  e principalmente dos impostos) para a maioria dos artistas, enquanto no exterior temos a vantagem de preço mais acessíveis. Agora se estivermos falando de fotografia autoral, posso afirmar que temos artistas brilhantes, tanto consagrados com em ascensão, aqui no Brasil, mas no exterior temos por força cultural um consumo maior de imagens  pelo público e uma quantidade grande de eventos/feiras/festivais  que movimentam este mercado.

Ph: O que você diria para o fotógrafo que quer começar a se aventurar na fine art?

MV: Estude sempre, frequente festivais, monte uma biblioteca e principalmente “consuma” fotografia, pois se você não acreditar nela, quem acreditará ?

Ph: Essa será a primeira edição do primeiro congresso de fotografia artística. Quais são as suas expectativas?

MV: As minha expectativas são as melhores, pois este intercâmbio de experiências é importantíssimo para a formação de jovens artistas, sedimentação do mercado de arte / fotografia e criação da cultura do colecionismo.

Ph: Conte-nos um pouco sobre o que você vai falar na sua palestra.

MV: A minha palestra chama-se “Fotografia, Galeria e Mercado”, onde tratarei das relações entre os consumidores – público em geral /colecionadores, os intermediários – galerias/museus/merchands e os artistas , ou seja, como é o acesso ao mercado de arte.

Ph: Quais artistas te inspiram?

MV: Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Daido Moriyama

 

Criado a princípio como um evento que ocorreu em Janeiro/2018 e posteriormente transformado em um editorial online, o Photo Inspiration tem como principal objetivo colocar a fotografia em um lugar mais comum e acessível. O projeto busca estabelecer um paralelo entre os conhecidos segmentos da fotografia como o fotojornalismo, fotografia documental, paisagem, arquitetura e retrato como linguagem para um campo de expressão autoral.

 

Para mais detalhes sobre o projeto Photo Inspiration acesse o site: https://photoinspiration.com.br/

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