Qual é o melhor software de edição de imagens: Lightroom ou Photoshop?
Como todo fotógrafo sabe (ou deveria saber), a pós-produção é parte...
De umas semanas para cá, tenho recebido vários emails perguntando sobre como eu trato imagem, como é meu fluxo, e o que ensino no meu curso de tratamento para moda e retrato. Passou-me pela cabeça fazer um tutorial para enviar a essas pessoas, mas o que enviar? E como explicar o que estou fazendo?
Este post é uma tentativa despretensiosa de esclarecer um pouco esse processo, e suas características principais – a idéia não é ensinar a tratar imagem em geral, é só mostrar como trabalho, abrir minha caixa de ferramentas para vocês verem como tratei uma imagem em especial.
A imagem em questão é uma foto da modelo Bruna Grossl, clicada por Rogério Andrade. Recebi a foto em RAW, com total liberdade de interpretação da imagem – adoro quando isso acontece!!!
Ao ver a imagem, pensei em tonalizá-la suavemente, além de reduzir sua saturação. Clarear e tirar as falhas da pele sem perder textura também é uma necessidade, e gosto de imagens com bastante detalhe e contrastes localizados. Visto que trabalho muito com seleções, resolvi partir de um original neutro – então a primeira parte do trabalho foi no Camera RAW.
Não trabalhei muito a imagem no Camera RAW – apenas utilizei o perfil de cor “Camera Neutral” na aba Camera Calibration, acertei a exposição e o balanço de branco (neste caso, como o fundo era cinza, usei a ferramenta de conta-gotas para estabelecer o fundo como neutro). Feito isso, abri a imagem normalmente.
Primeiro, as grandes falhas – tem um prendedor na roupa, que tirei sem usar ferramentas de correção específicas – só sampleei o tom de cinza do fundo, pintei por cima em uma camada separada e apliquei o filtro Noise para imitar o grão do fundo. Algumas correções são mais fáceis de fazer do jeito antigo. Ficou bacaninha.
Depois, os problemas na pele, que são rapidamente resolvidos com a ferramenta Patch – minha favorita para retocar pele.
O passo seguinte é igualar a cor da pele por todo o corpo – especialmente neste caso, os braços apresentavam um tom magenta que destoava do resto, especialmente do rosto. Quando a pele é muito clara e os desvios de cor são pequenos, uso Curves – este caso tinha desvios pesados, então copiei o tom de pele correto com a ferramenta Eyedropper, com uma matriz de 11×11 pixels, criei uma camada nova em modo Color e pintei com esse tom, com opacidade bem baixa, por cima das áreas amagentadas, até igualá-las. Repeti o processo no rosto.
Agora é hora de trabalhar o contraste, de forma localizada. Usei basicamente duas curvas, uma clareando os meios-tons e outra escurecendo, cada uma com sua respectiva máscara de camada. Pintei nas máscaras para valorizar os brilhos no cabelo, emoldurar melhor o rosto (escurecendo as sombras) e reduzir os brilhos no rosto.
Passo seguinte é esculpir esse contraste – e para isso uso uma camada 50% cinza, em modo Overlay. Pinto com branco as áreas que quero clarear e contrastar, com preto as áreas que quero escurecer e saturar. Nessas horas, uma tablet não é nada menos do que essencial, porque a sensibilidade à pressão ajuda a controlar a intensidade do efeito.
Agora vem a tonalização – usando uma camada de ajuste Levels e mexendo no parâmetro Output Levels em canais separados, consigo fazer uma tonalização fracionada. Resolvi tingir as sombras com roxo (soma de azul e vermelho) e as altas luzes com amarelo.
O contraste acabou sofrendo um pouco com essa manipulação, mas uma curvinha em “S” corrige isso rapidamente. Mas ao longo desse processo, percebi que a pele estava escura demais. Apliquei o canal vermelho (onde as peles são mais claras) em uma camada em separado com sua própria máscara de camada, modo Soft Light, com uma opacidade de cerca de 65%. Pintei com essa camada sobre a pele, que foi clareada sem perder textura.
Isso desviou um pouco os tons, e ajustei com uma camada de Hue & Saturation – diminuí a saturação geral e aproveitei para diminuir a saturação dos vermelhos, o que deixou o tom de pele mais interessante. É um passo que executo em praticamente toda imagem, porque a pele sempre vem avermelhada e saturada demais nas capturas.
Agora, uma sequência de pulos de gato: a primeira é o trabalho de detalhamento. Hoje em dia, gosto muito de usar plugins para as mais diversas tarefas, e uma delas é realce de detalhes. Faço uma cópia “flateada” da imagem em uma camada separada e converto essa camada para PB com o Nik Silver Efex Pro.
Por que isso? Porque o NSEP tem um parâmetro fantástico chamado “Structure”, que realça os detalhes e contrastes locais de uma maneira muito interessante. Os detalhes pipocam pela imagem! Ajusto esse parâmetro, e a camada PB cheia de detalhes que o NSEP gera é convertida para o modo de mesclagem Luminosity. Com uma máscara de camada, limpo as áreas que não devem receber esse realce.
Por último, crio uma camada nova e pinto com branco, 0% de hardness, 1% flow. Onde pinto? Onde quero luzes, um pouco mais de relevo. É um efeito bem sutil, mas que dá tridimensionalidade.
Feito isso, a imagem está pronta – precisando apenas de um ajuste geral de nitidez, que faço de acordo com a saída.
Esse é o processo utilizado para esta imagem, e para imagens parecidas – dependendo da proposta, uso outros efeitos, tratamentos mais naturais ou mais artificiais, outras maneiras de conseguir o mesmo efeito, ou mesmo softwares diferentes. Mas se há algum método na coisa toda, é que procuro sempre:
1 – remover as imperfeições;
2 – posicionar os tons da imagem nos locais corretos, primeiro globalmente, depois localmente;
3 – reinterpretar as cores, se necessário;
4 – trabalhar os contrastes, localmente.
Não tem mágica, nem efeito “x” – as ferramentas são bastante simples, e o dilema sempre é mais “o que fazer” do que “como fazer”. Mas espero que este pequeno tutorial seja útil aos iniciados no Photoshop – ele definitivamente não é para os iniciantes – e que vocês se divirtam tanto assimilando esse processo quanto eu me diverti preparando este post.
Quaisquer dúvidas, perguntem!
Alex Villegas
Fotógrafo e retocador, com mais de 10 anos de experiência em tratamento de imagens, produção gráfica e design. É autor do livro, O Controle da Cor – Gerenciamento de cores para fotógrafos e ministra cursos sobre o assunto no IIF. http://alexvillegas.wordpress.com
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