por Lila Souza*

Muito se tem falado sobre a cinefotografia e a abertura de novos panoramas aos fotógrafos, que agora podem gravar vídeos com suas câmeras. Entretanto, a meu ver, a grande importância desta tendência extrapola os limites da empolgação pela novidade que ela apresenta.

Explico: As linguagens do vídeo e da fotografia trabalham no âmbito do visual. Elas partem da mesma premissa, a imagem, mas a exploram de maneiras distintas. Enquanto o cinema, com sua imagem em movimento, permite a criação de narrativas visuais que existem em um contínuo de tempo, a fotografia precisa condensar sua mensagem em uma única imagem.

Em outras palavras, o vídeo conduz por suas imagens e a fotografia permite um mergulho em sua bidimensionalidade estática, oferecendo ao nosso pensamento elementos visuais que nos levam a construir sua leitura.

A cinefotografia, neste sentido, representa a entrada da linguagem fotográfica e todas as suas possibilidades técnicas no universo da imagem em movimento: o fotógrafo, habituado a pensar a imagem estática em profundidade, agora tem o espaço/tempo do vídeo para trabalhar as imagens a partir de suas próprias câmeras.

Enquanto espero respostas técnicas para questões como desgaste do equipamento e soluções para trabalhar o áudio, percebo que os resultados que surgem no campo profissional – propagandas, seriados e tantas outras mídias – apontam para o surgimento de uma nova linguagem, híbrida, que agrega valores tanto do vídeo quanto da fotografia, e especulo o quanto ainda se pode explorar ou esperar desta nova maneira de olhar que se descortina.

*Lila Souza é arquiteta, urbanista, especialista em fotografia pela Universidade Estadual de Londrina e mestranda em Multimeios pelo departamento de cinema no Instituto de Artes da UNICAMP.