Texto: Armando Vernaglia

Quando falamos em fotografia de arquitetura as primeiras aplicações comerciais dessas imagens que vem a nossa mente são revistas da área, como as de decoração e construção. E os próprios arquitetos e seus estúdios podem consumir esse tipo de produção para compor seus portfólios e mais um ou outro uso.

Em uma primeira observação pode parecer que a fotografia de arquitetura é uma área com pequeno campo comercial, mas esta é uma conclusão equivocada. Sendo assim, este artigo visa mostrar um pouco a multiplicidade de campos e aplicações da fotografia de arquitetura. Confira:

Estúdios de arquitetura
A primeira e mais óbvia aplicação reside naqueles que produzem a arquitetura: os arquitetos. Nesta área, um fotógrafo pode ser chamado desde os primeiros passos de uma obra para documentar processos da construção até o registro artístico da obra finalizada em imagens que ilustrarão o portfólio, site e publicidade do estúdio do contratante. Só aqui vemos a necessidade de conhecimentos diversos, pois a documentação da obra tem critérios mais técnicos do que estéticos. Diferente das imagens para portfólio, que têm mais espaço para a criatividade e o senso artístico.

Já as imagens publicitárias têm sempre que levar em conta aspectos comerciais, pois visam vender o trabalho do arquiteto. O que inclui a necessidade de serem belas, mas ao mesmo tempo informativas e também não podem ser abstratas demais. Do contrário, não conseguirão passar nada ao potencial consumidor.

Editoriais
As publicações da área de arquitetura cobrem campos semelhantes àqueles que envolvem os estúdios. Existem revistas mais voltadas à construção e reformas e que têm espaço para documentações mais técnicas e informativas, enquanto outras são voltadas à decoração de ambientes, que trabalham mais a estética e a beleza. Além de algumas voltadas para o lado artístico da arquitetura, que dão espaço limitado para a criatividade e permite que o fotógrafo entre no campo da abstração e do minimalismo.

Publicidade
Todos os anos centenas ou milhares de empreendimentos imobiliários são lançados e em muitos deles a fotografia é utilizada para ilustrar materiais impressos, sites na internet, entre outras formas de divulgações. Neste caso, as imagens sempre são belas e informativas. Isso porque a publicidade não tem muito espaço para o abstrato, de forma geral a imagem entrega o conteúdo sem fazer pensar. Ela é bonita e encantadora, técnica e bem realizada para que os consumidores comprem o que está sendo anunciado. Aqui a fotografia pode dividir espaço com o 3D e a ilustração e outras ferramentas visuais presentes em quase todos os materiais de venda de imóveis.

Institucional
Empresas em geral precisam mostrar sua imagem. Ou seja, lojas querem se mostrar convidativas aos clientes, indústrias mostram seu parque de máquinas para investidores, hotéis transmitem seu aconchego e conforto, entre outros. Há várias possibilidades de uso institucional da fotografia de arquitetura que ajudarão no relacionamento entre empresa e consumidor.

O foco aqui é o de comunicar conceitos mais amplos como a visão, missão e objetivos da empresa. Diferente do que conceito da publicidade de apenas vender.

Turismo
Aqui está outro campo para o fotógrafo desta área e que, muito semelhantemente à publicidade, exige imagens belíssimas e realizadas com grande requinte técnico. Afinal, muitos pontos turísticos são marcos arquitetônicos. O fotógrafo que atua na área de turismo e não compreende isso acaba produzindo imagens jornalísticas e, consequentemente, não consegue espaço no mercado editorial de turismo.

Outro campo relacionado ao turismo é o de documentação de patrimônio arquitetônico para fins de preservação. Esse tipo de material serve desde arquivo para governos, como referência para as equipes de restauração que usam as imagens para avaliar o trabalho a ser feito, como documentar etapas.

Social, retratos, trabalhos autorais e muito mais
Um fotógrafo de casamentos também deve ter conhecimento em fotografia de arquitetura, afinal os eventos em geral estão inseridos dentro de construções.  São igrejas, salões, que foram escolhidos pelos noivos por um conjunto de fatores que incluem a beleza e conforto da arquitetura, além da decoração. Sendo assim, o fotógrafo de eventos deve ser capaz de mostrar o ambiente que circunda e abraça os convidados da festa. É importante saber ver, traduzir e captar a iluminação do local e não destruí-la com o uso excessivo do flash.

Essa lógica se aplica também ao mundo dos retratos, ao fotografar um empresário em seu local de trabalho ou um artista em seu estúdio, a conjugação entre a pessoa e seu entorno se faz necessária. Além da união das técnicas do retrato com a arquitetura, pois de nada adianta uma bela luz sobre a pessoa se entorno ficar desequilibrado, distorcido e mal iluminado.

E veja que nem falamos na arquitetura como fonte para trabalhos autorais, artísticos, que sejam voltados à publicação de livros, realização de exposições, venda de cópias impressas para colecionadores ou para decoração, áreas nas quais as imagens que ilustram este artigo estão inseridas.

Conclusão
Após essa rápida olhada nos campos da fotografia de arquitetura, vemos que todo fotógrafo, entre seus muitos conhecimentos, deve ter noções e técnicas para o correto registro de construções e ambientes. Compreender como cada objetiva registra os espaços, perspectivas e distâncias, ter o conhecimento dos vários tipos de iluminação e sua relação com filtros e white balance, saber mesclar a luz do flash com a luz de ambientes para que uma não destrua a outra, conhecer história da arte e da arquitetura para compreender como os espaços arquitetônicos influenciam e servem de abrigo e moldura para as sociedades atuais e passadas, entre outros fatores técnicos e culturais envolvidos.

Conheça mais sobre o trabalho do fotógrafo e professor do IIF, Armando Vernaglia Junior, visitando o site.

Armando Vernaglia
Fotógrafo e cinegrafista, vive em São Paulo mas atende a clientes em todo o Brasil. Com mais de 15 anos de experiência na fotografia,  especializado em fotografia de produtos e arquitetura, é também professor de fotografia, criatividade e arte, consultor de imagem e palestrante. Possui um banco de imagens próprio com mais de 15.000 imagens que são comercializadas em todo o mundo. Graduado pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero em Publicidade e        Propaganda, especializado em Relações Públicas e Comunicação Organizacional, estudou e estuda cinema na Academia Internacional de Cinema. Atualmente trabalha no desenvolvimento e direção de fotografia de dois curta metragens e um documentário.