Em um evento como o Newborn Photo Conference é inegável que a maior parte dos fotógrafos conta os segundos pelas práticas ao vivo e entrada dos palestrantes internacionais no palco, afinal é impossível não ficar hipnotizado pela magia, envolta no discurso, de quem carrega nos braços um recém-nascido enrolado no mais gracioso wrap. Mas e quando o assunto é formação de preço? Quem tem disposição para aprender uma forma diferente de encarar este assunto, quebrando paradigmas e pressupostos comuns?

Alex Mantesso, que apresentará o tema “Formação de preço e lucratividade” durante o 6º NPC, comenta, em entrevista exclusiva, um pouco do assunto e traça um panorâma do mercado Newborn nos últimos anos que, sem dúvidas, vai te fazer refletir. Confira:

Alex, o tema da sua palestra é Formação de Preço e Lucratividade. Porque é que os fotógrafos não podem deixar de assisti-la?

Alex – Eles podem! Mas acredito que os que resistirem à tentação de fugir do assunto chato das contas terão a oportunidade de aprender uma forma diferente de encarar a formação de preço, que é um ponto chave na constituição de qualquer negócio, afinal está diretamente ligado a lucratividade e sucesso do negócio.  Fotografar é maravilhoso, mas não podemos fugir ao lado comercial. A conciliação da realização profissional (em ser fotógrafo), com a satisfação de poder pagar as contas é o que nos move a levantar todos os dias, prospectar clientes, produzir material, atender pessoas e chegar ao fim do dia certo de que amanhã tem tudo para fazer novamente. E que bom que tem!

Quais as vantagens de dominar este tema para a carreira dos fotógrafos?

Alex – Acredito que a grande vantagem está em saberem uma metodologia simples para avaliarem a rentabilidade do trabalho que fazem e vislumbrarem uma forma diferente de encarar a formação de preço. Forma essa bem mais pragmática e direta. Claro que para a apresentação no NPC os exemplos que darei estarão ligados diretamente ao mercado Newborn e algumas especificidades que encontramos nele, entretanto os fotógrafos poderão aplicar o conceito a outros serviços tornando-os mais tangíveis e mensuráveis, especialmente no que toca o lucro e o sucesso financeiro.

Falando em mercado Newborn, você poderia dizer o que mudou nos últimos anos?

Alex- Com relação a gestão de negócios, ou mesmo a encarar a fotografia de forma estratégica, vi poucas mudanças. Percebo mais uma repetição de fórmulas e um forte comportamento de manada desde que inicie na fotografia. Fotógrafos parecem mais suscetíveis a modismos que outros profissionais. Ao perceberem um mercado em expansão, tem a tendência de correrem todos para o mesmo lado, entretanto sem muita estratégia nisso, o que gera uma rápida saturação. Assim, se em um momento parece que todos querem fazer fotos de casamento, noutro vão todos para retrato de família, em seguida para pet e assim vai…

Mas o que mais mudou, na minha percepção, foi o volume de pessoas atuando como fotógrafos. Isso ocorreu em outros mercados, mas a facilidade de acesso a equipamentos e a colocação de imagem em evidência pelas redes sociais favoreceram essa escalada de crescimento.  Mesmo parecendo contra senso, não condeno esse crescimento por dois motivos:

(A) Considero-me parte desse movimento. Assim como tantos outros, entrei na fotografia vindo de outra área. Estudei e me coloquei no mercado, assim torço para que esse seja o caminho de realização de outros tantos, pois sempre existirá mercado.

(B) Acredito que quanto maior volume de exposição do consumidor à determinado tipo de trabalho, maior será sua capacidade de avaliar e discernir entre o que é bom e o que é ruim. Quando existem poucos profissionais em determinada atuação (não estou me referindo apenas a fotografia), o nível de comparação é menor e prejudica a avaliação.

Atualmente com o volume de fotos produzidas, comercializadas, compartilhadas etc, os clientes têm cada vez maior consciência sobre o que realmente é bom e lhes agrada. Com isso os profissionais mais qualificados serão identificados mais facilmente e valorizados por isso.

Newborn é uma tendência passageira? Fotógrafos deveriam parar de migrar de áreas e se especializar em uma só?

Alex – De maneira nenhuma. Não acredito que a fotografia newborn seja apenas uma tendência, até porque imagino que bebês continuarão nascendo e as mães continuaram comportando-se como mães. Isso já ocorre há décadas em outros países e por aqui acho que ficará. O que acredito é em uma acomodação de mercado em alguns anos. Hoje existe um boom de demanda, e a tendência natural é que o assunto se acomode como mais um ramo da fotografia, assim como casamento ou retrato de família.

Quanto a migração, definitivamente não acredito em regras. Tanto especializar-se em apenas um segmento, quanto abraçar segmentos correlatos têm pontos interessante e desvantagens. Importante é escolher o caminho sabendo o que está fazendo, de forma planejada e estratégica e o fundamental, especialmente na área de recém-nascido: estudo! É preciso uma tomada de consciência de que lidar com um bebê é um risco e uma confiança antes de ser um negócio. Atuar sem o conhecimento necessário poderá acarretar consequências desastrosas para uma série de pessoas.