Se há um equipamento, que é por vezes negligenciado por vários fotógrafos, é o monitor. Enquanto gastamos alto em câmeras, lentes e em computadores, nós, usualmente, ignoramos suas especificações e escolhemos uma tela de computador que seja grande e barata.

Para qualquer pessoa que leve suas imagens de forma séria e profissional, a compra de um monitor deveria receber tanta consideração quanto a do demais equipamentos. Afinal, por que investimos tanto em equipamentos fotográficos de ponta, se no final, acabaremos visualizando as imagens em um monitor inferior, de baixo contraste e limitada gama de cores?

Qual tipo de monitor eu devo comprar?

Muitos de nós sempre ouvimos diversos acrônimos quando falamos de telas, como LCD, TN e IPS. Precisamos ficar atentos para entender o que cada sigla significa na prática e suas funções suprem as nossas necessidades.

Os monitores mais simples são baseados na técnica Twisted Nematic (TN). Essa técnica garante um tempo de resposta rápido, o que é bom para processamento de palavras, porém a reprodução de cor é bem limitada, além de apresentar baixo nível de preto e ângulo de visão estreito. Ou seja, se você não ficar exatamente em frente ao monitor, é possível notar variações de cor. E quanto mais fora do ângulo de 90º, piores as cores ficam.

“Procure por um painel IPS, ou variações dessa tecnologia”, sugere Rafael Luvizetto, fotógrafo e professor do Instituto Internacional de Fotografia.

IPS é o acrônimo para In-Plane Switching, e sua técnica consiste em manter as moléculas de cristal líquido organizadas na horizontal, paralelas ao subtrato, ou seja, elas ficam sempre no mesmo plano, daí o “in-plane”.

Nessa situação, o cristal líquido está sempre mais próximo à superfície da tela, fazendo com que, embora o tempo de resposta seja mais demorado, o ângulo de visão aumente, o contraste melhore e a reprodução de cores se torne mais fiel.

Outro aspecto é da profundidade de bits. Uma tela IPS pode ter 6 bit ou 8 bit. Aqui, é preciso considerar a forma que você deseja trabalhar com as suas imagens. Se o seu plano é imprimir fotos grandes e de alta qualidade, opte pelo monitor de 8 bit. Isso está ligado diretamente com a gama de cores, que é um gráfico que descreve quantas cores o equipamento é capaz de detectar. Rafael, obviamente, indica “uma gama de cores expandida”.

Lembre-se que todas essas especificações refletem no preço final do equipamento, então sempre leve em conta a real necessidade do seu trabalho para não gastar dinheiro à toa.

Se você está achando todos esses nomes, siglas e números muito difíceis de entender, Rafael dá uma dica bem simples para verificar se o monitor é fiel às cores: Baixar um target e imprimí-lo. “São fotografias que foram tratadas no grau máximo de dificuldade e mostram as cores da forma mais real possível. Imprima um em uma boa impressora e compare-no com a sua versão digital”.

E sobre o ângulo de visão, Rafael garante que monitor bom é aquele que tem ângulo de visão de pelo menos 120º.

O professor recomenda três marcas: “A Eizo é top de linha, com alto custo. A LaCie também é bastante boa, e a Dell já apresenta preço acessível com qualidade satisfatória”.

Qual  tamanho de monitor que eu preciso?

O tamanho do monitor também merece atenção. Isso pode ser classificado em duas formas: a medida na diagonal ou a razão de tela, que é a largura dividida pela altura.

Nesse caso, tamanho maior nem sempre é a melhor escolha. O tamanho depende muito da sua área de trabalho. Não faz o menor sentido você ter uma tela de 27 polegadas em um escritório pequeno, onde você ficará bem perto dessa tela.

Em geral, o ideal é uma tela que combine com a razão de imagem da maioria das câmeras.

Meu monitor está recebendo toda a informação da imagem?

Outro problema bastante subestimado é a forma que o monitor é conectado com o computador.

Algumas pessoas ainda usam cabos VGA que conta com uma tecnologia analógica, mais antiga e que não garante a melhor forma de conexão, e pior, as imagens tendem a ficar pixeladas em telas de LCD de alta resolução.

Atualmente, os monitores contam com cabos DVI, HDMI e Display Port, que apresentam uma tecnologia bem superior com transmissão de dados digital.

Para saber mais sobre as diferenças de qualidade de transmissão entre esses cabos, o site Techmundo fez uma ótima experiência e contou o resultado: Aqui

Calibração do monitor

Por fim, calibrar o monitor é um passo fundamental para garantir a sua qualidade.

O objetivo da calibração é assegurar que seus olhos vejam as cores na imagem na tela da mesma forma como os outros vão vê-la. Para impressão, então, você garante que a foto impressa será bem parecida com a imagem digital.

“Para calibrar, preciso de um acessório chamado colorímetro”, explica Rafael. Ele funciona como um mouse que é conectado ao computador e vai analisando cada tonalidade. O fotógrafo recomenda a marca XRITE Display Pro para esse tipo de equipamento.

-Por Vivian Kuppermann Marco Antonio