// As cores, linhas e padrões de Zel Nunes

Baiano de nascimento e candango de coração, Zel Nunes se destaca pelas formas geométricas, cores, linhas, ritmos, repetições e principalmente arquitetura muito presentes em seus trabalhos. O fotógrafo começou a registrar tudo o que via no início dos anos 80, com máquinas fotográficas descartáveis da Kodak, depois passou para uma Pentax analógica que entre tentativas, erros, acertos e muita espera da revelação aprendeu a lógica da fotometria. Ele sofreu muita influência de sua irmã, também fotógrafa, e da família que, desde quando era pequeno, sempre teve o habito de registrar os momentos importantes, como aniversários e passeios.  Zel-Nunes-3

A fotografia muitas vezes é um reflexo do ambiente do fotógrafo e com Zel não foi diferente, podemos perceber em suas imagens as cores da Bahia e a pura arquitetura de Brasília. “Essa mistura é resultado das minhas experiências não só nestes dois lugares, mas também nos lugares que já vivi, visitei ou trabalhei”. Nunes ainda explica que a geometria, outro aspecto muito presente em seu trabalho, pode ser fruto de um possível transtorno compulsivo por organização. “Isso muitas vezes ajuda na consistência de estilo, mas às vezes limita. Sempre tento não ficar preso à geometria e arquitetura, mas vira e mexe lá estou eu com esses dois elementos presentes na composição”, confessa.

Morador de Brasília desde a adolescência, Zel conta que possui uma relação de amor e ódio com a cidade. Por mais que ele já tenha saído para morar fora, inclusive do Brasil, acaba sempre voltando. Ali é seu porto seguro e isso certamente influencia um pouco na produção. Como podemos perceber, a maioria das suas fotos são de Brasília que é um paraíso para as linhas, curvas, céu e espaço aberto, mas às vezes fotografar sempre o mesmo local é como tirar leite de pedra. Esse tem sido o grande desafio em sue trabalho, se reinventar a cada visita que faz a um mesmo local, pois os monumentos e as obras são estáticas. “Fazer uma foto de uma coisa nova e ficar boa é muito fácil. Fazer 100 fotos da mesma coisa e conseguir bons resultados não é pros fracos, é para os insistentes e compulsivos”, explica. Ele costuma sair todos os fins de semana com a máquina nas costas. Esse é o segredo de sua constante produção.

Um dos pontos característicos de Brasília, além da arquitetura, é a luz. O fotógrafo conta que a luz na cidade, e no Brasil de um modo geral, é única e diferente de outros lugares. “Diferentemente do que é configurado nas máquinas quando saem das montadoras. Luz européia, luz asiática versus luz tropical. Em Brasília isso é muito mais acentuado”. Zel ainda explica que para adequar a real percepção que as cores tem na luz tropical e capturá-las como realmente são, o balanço de branco é fundamental. Outra dica para fotografar os pontos mais famosos da cidade é chegar antes das oito da manhã. Só assim a sua foto do Museu da República não incluirá os vendedores ambulantes e pipoqueiros na sua composição. “O mesmo vale para a Catedral, é uma verdadeira batalha conseguir tirar uma foto sem ter um elemento vendendo alguma coisa na porta”.

tumblr_nnjk200kcQ1qj8d6eo1_500Se formos analisar suas imagens, elas possuem recortes, ângulos e enquadramentos muito específicos, além de texturas variadas, o fotógrafo explica que isso se dá porque depois de esgotar as possibilidades em um local, você passa a vê-lo com outros olhos e começa a trabalhar fontes alternativas de interpretação do mesmo local. “É como se você pegasse uma fotografia e dividisse em quadrantes. Os pontos isolados não são reconhecidos tão facilmente, a não ser que você tenha a ideia do todo. Depois de um tempo, isso fica tão automático na sua percepção que ao chegar em um local você já divide o espaço em quadrantes ou possíveis quadrantes de composição”. Zel costuma dizer que ele não faz fotografia e sim fotografismo. O grafismo nada mais é, neste caso, do que o recorte de um elemento que faz parte de um todo. Isso inclui repetições, padrões, jogo de linhas, contrastes de formas e texturas variadas. “Sempre penso na fotografia de modo diferente, longe da mesmice e da zona de conforto da foto perfeita. Daí a necessidade de inventar e ousar nas composições. Entretanto, lamento muito pela condição da arquitetura de Brasília, não tem acontecido o investimento necessário para a cidade se transformar de tempo em tempo, sem falar que a cada ano os monumentos se deterioram mais e mais com o descaso do governo no que diz respeito à manutenção”.

Zel Nunes costuma editar suas fotos no photoshop e revela que sabe pouco de programas de edição. O suficiente para mexer no contraste, brilho e acertar as distorções das lentes. Embora mexa pouco em suas fotos, ele vê a fotografia digital como um catalisador para a disseminação em massa da fotografia. “Acredito que o uso da tecnologia digital na fotografia, seja pelo horizonte aberto em poder editar suas fotos, seja pelo surgimento das máquinas de última geração, veio libertar as pessoas do intervalo de ansiedade entre fotografar e revelar, dando espaço para o exercício da criatividade e afloramento de talentos”. Já a internet e as redes sociais vieram para ajudar na disseminação do material produzido. Um exemplo disso é o Flickr, rede que o fotógrafo usa há mais de dez anos. “Fui um dos primeiros a usar este espaço e consegui fazer boas amizades, tanto virtuais como reais. Participo de fóruns de discussão sobre os temas que exploro na fotografia e isso nos impulsiona a produzir. Esse foi, por um bom tempo, um espaço de aprimoramento e de observação, de criação de referências e de liberdade criativa”.

Hoje o fotógrafo tem obtido excelentes resultados de divulgação em iniciativas coletivas, principalmente as internacionais. Participa de publicações coletivas e de mostras virtuais e com isso o trabalho vai se consolidando e tendo uma saída, em termos de vendas. Ele também já fez algumas exposições, mas no seu caso o forte das vendas é o Flickr e às vezes o Facebook.

Conheça: https://www.flickr.com/photos/zelnunes/

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